Atenção... Eu não sou uma daquelas pessoas super picuinhas que vê uma mancha no chão e entra em pânico. Eu meto a mão no cu das vacas como profissão e gosto. Portanto não sou eu que sou nojenta...
Sou uma pessoa bastante calma, passiva por vezes. A verdade é que não gosto de me chatear. Para quê ficar de trombas o dia todo, andar a lamuriar-me pelos cantos como uma alma penada? Não vale a pena. Fico com dor de cabeça, estraga-me a beleza (como se tivesse alguma)... Just smile and be happy, é um dos meu lemas.
Mas por vezes as pessoas passam dos limites e eu atinjo o meu. Deixo de ser aquela pessoa fofa e querida, que caga purpurinas e voa nas costas de um unicórnio, e passo a ser uma pessoa um pouco mais azeda.
E neste momento sinto que estou a chegar a esse limite. Tenho-me refugiado mais no quarto para isso não acontecer, já nem janto na cozinha para não ter encontros com pessoas desnecessárias.
O que se passa é o seguinte... Uma das pessoas com quem eu moro, um senhor de 72 anos já está a passar dos limites. De início até simpatizava com ele, dizia algumas verdades e tal, mas quando se repete a mesma coisa 532896 por dia começa-se a tornar um pouco irritante. Mas vá, tenho de dar o desconto, que o senhor já é velhote, não tem mais ninguém com quem falar. Se fosse só isso, até aí tudo bem. O problema é que o velho fala mal de toda a gente cá de casa, diz que os outros é que usam tudo, que ocupam o espaço todo, que é tudo deles, mas a verdade é que ele é o pior.
Apoderou-se da bancada da cozinha, de vários armários, da maior prateleira do frigorífico. Para piorar, o homem é um porco! Deixa tudo sujo. Eu partilho a casa de banho com ele. Estive fora duas semanas, pelas férias do Natal. Quando cheguei tive nojo daquela casa de banho. Estava pior que uma casa de banho de uma discoteca numa ladies night (ok, não tinha vomitado no chão, mas também era só o que mais faltava).
Tenho que lhe apresentar o piaçá... Talvez ele desconheça esse utensílio. E hoje tinha um bocado de papel no tampo da sanita... Se calhar já está tão vesgo que não vê o buraco. É tudo espezinhado, a banheira toda suja e entupida...
«Eu nunca mexo nas coisas dos outros. Tenho tudo o que preciso no quarto.» Pois claro. Assim que cheguei à cozinha, não encontrei os meus panos da loiça, uns roxinhos, lindos e cheirosos, novinhos em folha. Ele tinha usado durante essas duas semanas. Quando mos veio entregar disse que os tinha lavados. Não sei com o que é que ele lavou os panos, mas água e detergente não foi. Vinham todos manchados, com falta de pêlo em vários sítios... Meti-os logo na máquina... Mesmo assim continuam com um aspecto asqueroso. Acho que lhes vou pegar fogo e comprar uns novos.
Para juntar à festa, está sempre a reclamar que as pessoas estão sempre a usar a máquina de lavar roupa e que ele não consegue lavar a dele. Na sexta pus uma máquina à noite (a primeira de 2015). Ele veio logo perguntar quem estava a usar porque ele também queria lavar a roupa. Eu precisava de fazer outra máquina, com os lençóis da cama... Mas esperei. Sábado ninguém usou a máquina, domingo de manhã também não. À hora de almoço meti a minha roupa na máquina. 30 minutos depois:
- Menina, é sua a roupa que está na máquina?
- Sim, é. Eu ontem não lavei a minha roupa porque me disse que você precisava de usar. Hoje como a máquina estava livre eu meti a minha roupa.
- Eu entendo menina. Mas nesta casa parece que tem de se fazer sentinela para lavar a roupa. Nem na tropa vivi tão mal como nesta casa.
- Pois, mas ontem a máquina esteve livre o dia todo. Quando acabar eu depois digo-lhe.
Ele deve ter ficado a olhar para a máquina até ela acabar, porque assim que acabou veio-me logo chamar... Que obsessão!
E mais umas quantas peripécias que não me apetece estar a contar agora... Talvez outro dia eu continue a saga.