Eu não acredito em Deus. Não sinto que existe algo ou alguém que olhe por nós que nos ajude. Algo ou alguém que nos criou e nos protege. Considero toda esta concepção egocêntrica por parte do Homem. Foi algo que criámos para nos ajudar a compreender como as coisas acontecem, algo que críamos para não nos sentirmos sozinhos ou para, de certa forma, fugirmos à morte. Não acredito que as pessoas nasçam com um destino traçado. «Se aconteceu, era para acontecer.» Cada um traça o seu próprio destino. E cada acção tem as suas consequências. Mas ainda assim, respeito quem acredita, não tento impingir os meus ideias aos outros.
Não, eu acredito, aliás eu sinto algo diferente. Não sei se me vou conseguir explicar, porque nunca o fiz...
Sinto que tudo está interligado. Não só as pessoas mas todo o Universo. Existe algo que me une a mim, a ti, aos animais de que trato, às árvores que são derrubadas, aos asteróides que vagueiam pelo vazio. Mas esse algo não é algo pensante, que tenha vontade própria. É como se tratasse de uma energia que corre em tudo o que existe. No fundo, somos todos e tudo feito da mesma coisa.
Quando estou com um animal sinto-me ligada a ele. Não é só uma questão de gostar, é algo mais. Algo diferente. É respeito, é admiração, é carinho. É como se sentisse uma parte de mim nele, e uma parte dele em mim. Quando me sento na praia gosto de sentir a brisa do mar e deixar-me envolver por ela, como se tentasse sentir de onde ela surgiu, por onde passou e o que "viu" (ok, isto parece uma cena à Pocahontas ou a Avatar... mas no fundo é isso mesmo). Quando vejo florestas a serem arrasadas, habitats a serem destruídos eu própria me sinto destruída. «É apenas uma planta, não sente, não pensa». Pode não sentir, nem pensar, mas faz parte de um todo. Faz parte do mundo, faz parte daquela floresta, faz parte de mim. Provavelmente já respirei o oxigénio que aquela planta emitiu e que me permite estar aqui...
Mas o Homem perde-se nas suas idealizações que é superior a tudo, que é o centro de tudo. Que tudo lhe pertence e que em tudo pode mexer sem consequências. A natureza tende para a estabilidade, o equilíbrio. E nós andamos a destruir este equilíbrio, cada vez mais frágil e delicado.
Na nossa tentativa de evoluirmos e de conquistarmos o mundo, perdemos a nossa essencia, perdemos essa ligação. Isolámo-nos do resto do Universo e espezinhámos quem vivia em harmonia com a Natureza, porque os considerávamos inferiores, pouco evoluídos.