Homens

Este é o meu namorado. Bem jeitoso, o meu pedaço de chocolate! Sou uma mulher com muita sorte, tenho de admitir. Ele não é perfeito (ninguém o é), mas é perfeito para mim. Para além de ter as qualidades que eu gosto e admiro num homem, tem os defeitos que eu consigo suportar, compreender e respeitar. Algo que fui e ainda estou a aprender com ele, nesta nossa jornada.

E ontem, enquanto falávamos ao telefone ele disse isto: «Ao contrário das mulheres, que tem mil caixas dentro do cérebro, nós homens só temos duas caixas: uma de sexo (com as outras coisas lá misturadas), e outra com nada.».

O semestre passado foi bastante complicado para o meu rapaz e isso reflectiu-se na nossa relação. Como só nos víamos de mês a mês, tinhamo-nos de contentar com as mensagens e telefonemas, o que por si só já é complicado. E complicava-se ainda mais quando ele estava com um humor menos bom, e as nossas chamadas ficavam reduzidas a pouco mais de um minuto, por não termos nada de especial para dizer. Frustrante...Escusado será dizer que eu andava a morrer de saudades e acabei por andar também um pouco em baixo, porque queria falar com ele, perceber o que se passava e a única resposta que recebia era «Não se passa nada.». Ou seja, essa caixa do nada estava aberta. E nestes momentos, por muito que nos custe, por muito que nós queiramos falar com o nosso homem, dar-lhe mimos e espremê-lo até ele dizer o que se passa, o melhor mesmo é dar espaço. E foi isso que eu fiz. Não insistia muita na conversa, perguntava só o básico, desejava boa noite e ia dormir (muitas vezes com o sentimento de impotência e vontade de chorar). Mas eu sabia que, naquele momento, não podia exigir mais dele do que aquilo que ele me dava. Por muito que eu precisasse de mimos e de uma conversa, tinha que engolir o meu ego e as minhas necessidades. Se assim não fosse, não tínhamos ultrapassado e provavelmente agora não estaríamos juntos.

Ao contrário das mulheres que quando estão com um problema só querem é falar, chorar, ser abraçadas e arranjar alguém que as oiça e as console, com os homens é o contrário. Precisam de espaço, de um momento só deles, em que possam ficar sossegados no sofá a ver o jogo, ou ir fazer um pouco de exercício. E há que respeitar.

Com o tempo aprendi a não dar tanta importância, a abstrair-me destes dias mais negros, porque sabia que dois ou três dias depois ele já voltaria a estar bem, e aí iríamos conversar.

Ainda há uns dias, ele disse a uma amiga minha que não sabe como é que eu aguentei e o aturei naquela fase. Mas acho que o amor é mesmo isso. Respeitar o outro e dar espaço, mesmo que nos custe.

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